Friday night and nothing to celebrate
Sexta à noite e nada para festejar
Então, é isso. Mais uma etapa rumo a Copenhague foi cumprida, mas não vejo nenhum motivo para comemorar (a não ser o fato de a Noruega ter anunciado ontem que vai reduzir suas emissões em 40% até 2020, baseado nos níveis de 1990 – primeiro país que se aproximou dos números recomendados pela ciência). Houve avanço nos textos de negociação, mas assuntos cruciais para um acordo bem-sucedido em Copenhague como, por exemplo, um comprometimento sério por parte dos países desenvolvidos sobre a redução de emissões de gases de efeito estufa a médio (2020) e longo prazo (2050) ainda não aconteceu. Há alguns números na mesa, mas tudo permanece nebuloso e todos os números estão condicionados à ação de outros países. Os negociadores alegam que estão seguindo instruções e que decisões desse tipo têm que ser tomadas pelos seus chefes.
Por que comemorar? Source: Dreamstime.com
Durante essa rodada de negociações, ficou claro também que os países desenvolvidos estão dispostos a abrir mão de uma conquista da Convenção: o Protocolo de Quioto. Argumentam que a luta contra as mudanças climáticas tem que ser reforçada por um acordo que abrigue todos os países, ou seja, como sabem que o Congresso norte-americano não vai ratificar o Protocolo ou qualquer acordo parecido, querem pegar carona com os Estados Unidos e regular domesticamente (sem amparo de um tratado internacional) a redução de emissão de gases de efeito estufa (proposta australiana). Isso é muito perigoso e um passo para trás gigantesco. Quem acredita que abandonando Quioto vão se comprometer com um acordo mais ambicioso como dizem? Eu não. É uma situação muito delicada porque é compreensível que os outros países desenvolvidos exijam ação dos Estados Unidos que seja comparável aos seus esforços, já que ele é o maior emissor do mundo, mas, ao mesmo tempo, não podemos esquecer que essa discussão não tem cabimento nenhum nesse momento. Como disse a Indonésia hoje: “podemos negociar sobre o clima, mas não podemos negociar com o clima e pedir mais tempo”.
Hoje, eu “twittei” ao vivo das sessões plenárias. Se clicar aqui e aqui, pode ver tudo o que aconteceu!
Foram duas semanas intensas: durante o dia, no centro de conferência participando de reuniões de todos os tipos, à noite (e de madrugada), no lobby do hotel, escrevendo para o blog (sofrendo com a internet super lenta e com o único CD que toca repetidamente o dia inteiro – adivinhem o que estou ouvindo agora?). Participar dessas reuniões consome muito de todos nós (pelo menos dos que estão preocupados com o nosso futuro – quero acreditar que é a maioria das pessoas) porque acabamos dedicando todo o nosso tempo ao trabalho e queremos fazer tudo o que for possível da melhor maneira possível (deixando sono e refeições no último plano). É muito cansativo e no momento estou tão angustiada por ver o tempo passando e nada de animador acontecendo que, apesar de ser sexta-feira à noite e não ter que trabalhar amanhã, sinto-me no dever de deixar uma última mensagem para quem me acompanhou nessas últimas duas semanas.
Está na hora de esforços sobre-humanos por parte de todos se queremos ver um acordo justo e ambicioso em Copenhague!
Está na hora de todos nós exigirmos ações de nossos governantes!
Está na hora de surgirem verdadeiros líderes (não só em discursos…)!
Até Barcelona!
P.S.: Deixem seus comentários, sugestões, perguntas para nossos negociadores, enfim, sintam-se à vontade para falar comigo.




-
celso
-
http://ascendidamente.blogspot.com silvia dias
-
jose s sobrinho
-
Arthur Serra Massuda
-
Anieli
-
http://jrussar.wordpress.com/2009/10/09/sexta-a-noite-e-nada-para-celebrar/ Sexta à noite e nada para celebrar « Blog da Juliana Russar
-
http://jrussar.wordpress.com/2009/10/09/bangkok-alguma-esperanca-para-a-cop-15/ Bangkok: alguma esperança para a CoP-15 « Blog da Juliana Russar
About the author
Juliana RussarApaixonada por política internacional e desenvolvimento sustentável. Sou formada em Relações Internacionais, tenho 26 anos, vivo em São Paulo e atualmente sou coordenadora da 350.org Brasil e faço parte do programa Oxfam International Youth Partnerships. Acompanho as negociações desde 2007. Essa é a minha quinta Conferência das Partes.