Não tem graça!
Adoro piadas ruins. Quanto pior, melhor.
Essa semana me contaram uma ótima!
Estando em Durban para acompanhar a Conferência de Clima e cercada por pessoas que igualmente estão na África do Sul por causa da CoP-17, sobre o que ela poderia ser?
Sobre mudanças climáticas, claro! Compartilho-a abaixo, mas já aviso que, apesar de adorar piadas ruins, sou péssima em contá-las.
Dois planetas se encontraram, cumprimentaram-se e um deles disse:
- Estou me sentindo mal.
O outro planeta perguntou:
- O que você está sentindo?
- Estou com febre, acho que estou doente. Será que é grave?
- Não se preocupa, você está com homo sapiens, logo, logo eles desaparecem.
Ok, eu fui a única pessoa da mesa que riu por cinco minutos. Mas, como já disse, adoro piadas ruins.
Essa introdução foi para lembrar mais uma vez que as mudanças climáticas são consequência das atividades humanas que emitem gases de efeito estufa e já estão afetando e matando seres humanos no mundo inteiro, principalmente de países que pouco contribuíram para o aumento da concentração de carbono na atmosfera. Milhões de pessoas enfrentam e enfrentarão eventos extremos (secas, tempestades, etc.), estão perdendo suas casas, sua produção agrícola, sofrendo com restrições de acesso à água, contraindo doenças de veiculação hídrica, etc. Diante desse cenário exposto em diferentes relatórios e estudos, como negar a urgência e a necessidade de uma ação global coordenada?
No entanto, infelizmente, não tenho novidades para relatar nesse quarto dia de negociações. Geralmente, a primeira semana é devagar. Após dois dias dedicados a cerimônias formais de abertura dos órgãos da Convenção de Clima, desde quarta-feira os países-parte da UNFCCC negociam principalmente por meio de consultas informais (algumas abertas para a sociedade civil, outras não).
Durante a consulta informal sobre as opções legais de um futuro instrumento no âmbito da convenção que envolva todos os países que não tem obrigações sob o Protocolo de Quioto, principalmente os Estados Unidos e os grandes emissores emergentes (China, Índia, Brasil), ficou claro mais uma vez que o consenso está longe de ser alcançado. Apesar de a facilitadora da reunião deixar claro que aquele fórum não devia tratar o Protocolo de Quioto e seu segundo período de compromisso (o primeiro período de compromisso acaba em 2012), a maioria das falas dos países foi nesse sentido, já que esse trilho só vai andar quando houver uma definição sobre o futuro do Protocolo de Quioto (PK). De um lado temos os pequenos países-ilha, os países africanos e os países menos desenvolvidos falando que o atraso é uma opção muito cara e negligente, que um novo tratado não é uma questão de “querer” mas de “precisar” e que esperam um acordo em 2012, como diz o Plano de Ação de Bali. No meio (pendendo para o lado dos grupos já mencionados) temos a União Europeia que aceita um segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto, que quer sair de Durban com um mandato para negociarem novo acordo até 2015 envolvendo os grandes emissores de acordo com a atual realidade econômica, já que até 2020, 60% das emissões serão oriundas de países que não tem obrigações com o PK. No outro oposto, temos os Estados Unidos defendendo que o Acordo de Cancun está em fase de implementação e que um novo regime pós-2020 deve ser negociado.
Estamos diante de uma extrema piada de mal gosto! É inaceitável falar em um acordo pós-2020, quando sabemos que precisamos de um acordo o mais rápido possível!
P.S.: Sobre o Código Florestal, sua votação foi adiada para a próxima terça-feira.




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Kristopher Aaron
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ceruru
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Karinaengler
About the author
Juliana RussarApaixonada por política internacional e desenvolvimento sustentável. Sou formada em Relações Internacionais, tenho 26 anos, vivo em São Paulo e atualmente sou coordenadora da 350.org Brasil e faço parte do programa Oxfam International Youth Partnerships. Acompanho as negociações desde 2007. Essa é a minha quinta Conferência das Partes.