E, finalmente, estamos no Rio Centro – um enorme complexo de pavilhões e salas que, certamente, me deixará perdido por vários dias. Ontem, 13, começou a última rodada de negociações antes do evento oficial da Rio+20, os “high level talks”, entre os dias 20 e 22 de junho. Ou seja, ainda não estão presentes chefes de estado e ministros – para falar a verdade, ninguém tem muita certeza sobre quais deles aparecerão. Já ouvi o número de 110 representações, mas ainda hoje também soube que o Parlamento Europeu está representando por apenas setes ministros.

Acompanhei uma das sessões, sobre economia verde. Já haviam me contado como essas negociações funcionavam. Difícil de acreditar que se estuda intensamente com o objetivo de ingressar na carreira diplomática para, então, discutir sobre vírgulas e sinônimos. Na foto acima, vemos a intervenções de cada país/grupo de países na sessão “Green economy in the context of sustainable development and poverty eradication” (economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza” do documento “O Futuro Que Queremos”, que deve ser um dos resultados da conferência oficial. Pela quantidade de encontros (este é o terceiro), vemos como é difícil chegar a um consenso sobre quais palavras usar. Até amanhã, uma versão mais final - talvez nem tanto, se não houver consenso - deve estar pronta para ser submetida aos líderes mundiais.

Essas sessões foram dividas de acordo com tópicos e, separadamente, cada um deles está sendo negociado pelas delegações, a exemplo: economia verde, o fortalecimento do IFSD (Institutional Framework for Sustainable Development), mudanças climáticas, água, oceanos, redução da pobreza, entre outros.

Não há muita clareza, porém, sobre a posição do Brasil. Ele tem sido, entre todos os países que estamos seguindo, o mais difícil de “seguir”. Samuel Gabanyi, Assessor de Processos Internacionais da Vitae Civilis, organização com representação na delegação oficial, disse que o país ainda permanece numa posição mais neutra. “O Governo Brasileiro tem mantido uma posição neutra no momento. Espero que com os dias ele passe a ser mais proativo na negociação“, disse.

Por outro lado, os Major Groups, que são as representações não governamentais nas negociações (crianças e juventude, ONGs, empresas, agricultores, povos tradicionais, autoridades locais, mulheres, comunidade científica e trabalhadores e sindicatos), estão cuidando para que os governos estejam conscientes da responsabilidade que têm — e da urgente necessidade de a Rio+20 ter resultados concretos.

Um exemplo é o Major Group Children and Youth (Criança e Juventude), que se reuniu ontem e, como sempre, provou ser um dos grupos mais mobilizados. Os jovens, ainda animados pela Youth Blast, escolheram os representantes para as high levels sessões - as mesas de negociações onde cada um dos major groups terá um (mínimo) tempo para colocar na agenda as questões referentes ao seu grupo.

Rio+20 Dialogues: sua chance de participar do processo

Mesmo não estando aqui, você também pode participar No final de semana acontece os Rio++20 Dialogues - Diálogos de Desenvolvimento Sustentável facilitado pelo governo brasileiro, que escolherá 30 recomendações que serão apresentadas aos líderes mundiais de todo o mundo presentes na Rio+20 na próxima semana. Hoje é o último dia para votar nas questões que serão apresentadas nesses diálogos e, assim, influenciar nas negociações. Este tem sido um interessante processo e é importante o legitimar e participar. Essas recomendações estão divididas em 10 tópicos. Clique aqui e vote. Mais do que isso, compartilhe para que outras pessoas também o façam.

Hoje é o segundo dia das negociações que vão até amanhã. Já há conversas à portas fechadas. Mas há também movimentação para pressionar os governos. Muita coisa acontece ao mesmo tempo - muita coisa também muda muito rápido. Logo mais, a Climate Action Network, um grupo de organizações ligadas à ação contra as mudanças climáticas, incluindo Avaaz.org, Greenpeace, 350.org, tcktcktck campaign, e centenas de outras, irão como usual, “premiar” um país com o Fóssil do Dia. A honraria é dada como uma forma de pressionar o governo do país a agir em nome do planeta.

Acompanhe o hashtag #rioplus20. Meu twitter @diegolobo, que estarei, sempre que a internet permitir, atualizando sobre este tópico.

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