Rio+20: o futuro que queremos, não encontramos aqui
Essa é a história de como eu perdi minha credencial no primeiro evento da ONU em que participei. Mas, antes, vamos voltar ao começo do dia.
Ontem foi o segundo dia das negociações com os líderes de estados na Rio+20. Eu e outros quatro jovens tivemos uma conversa interessante com o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), presidente da comissão de meio ambiente do senado, sobre o processo da Rio+20 e seu resultado, a questão energética no Brasil e como os jovens podem estar mais envolvidos no processo decisório. Para Rollemberg, não se discute a raiz do problema e tudo que tinha de ser negociado já aconteceu e agora os países apenas cumprem protocolo. “Eu acho que o documento não vai ser modificado. Ele já foi consensuado pelas equipes técnicas. Os chefes de estados e de governo já aceitaram, muitos deles já viajaram. E agora a conferência cumpre um rito protocolar meramente.”
Entrevistas
Ontem, passei de entrevistador a entrevistado. Ao total, foram 5 ou 6, não me lembro ao certo. Fui entrevistado por uma TV Vietnamita sobre o que achava da Rio+20, por um projeto norte-americano sobre o que é para mim ser um cidadão global, pela Deutsche Welle, por um outro jornal que não lembro…e pelo Rafael Cortez, do CQC, que como sempre não levou o assunto a sério. Mas, ainda assim, valeu.
Plenária do Povo
Cansados das promessas políticas, da superficialidade e da falta de compromissos dos líderes mundiais, essas pessoas se reuniram e levaram suas vozes para o mundo. Como podem ver no vídeo acima (em inglês, sorry), os jovens manifestaram sua insatisfação em relação ao processo da Rio+20 e o seu resultado, o documento “O Futuro Que Queremos”, ao qual rejeitam por não incluir esse futuro que realmente queremos. E ele não inclui por diversas razões. Não tem compromissos e metas claras sobre o que vai ser feito, em quanto tempo e por quem. Não há referência sobre quem pagará a conta da dívida que temos com o planeta. A economia verde, como é lá definida, não nos inclui, não inclui a presente nem as futuras gerações. Os direitos das mulheres, dos povos indígenas e comunidades tradicionais, de crianças e jovens e de todo e qualquer cidadão do mundo não estão assegurados no texto atual.

Plenária do Povo: mais de 200 pessoas fazendo suas vozes serem ouvidas
Com a preseça massiva da mídia, Cameron Fenton, Diretor da Canadian Youth Climate Coalition, abriu a plenária explicando a razão pela qual as pessoas estavam ali.
“Aqui no Rio, nós, como sociedade civil, rejeitamos esse texto. Nós rejeitamos esse texto porque ele é falho em cumprir as promessas que nos foram feitas. Nos foi prometido que daríamos um salto. Mas nos foi dado um documento que mal avança centímetros. Rejeitamos esse texto porque ele é um fracasso em ambição. É um fracasso em visão. Nós rejeitamos esse texto.”
E, apoiado pela massa de pessoas ao redor, falou “Convido a todos para sentar-se e aproveitar a Plenária do Povo“.
Há inúmeras razões para essas 200 pessoas marcharem em direção à porta de saída do Rio Centro e desistirem de suas credenciais, devolvendo-as aos seguranças do evento. O fato de não serem ouvidas. Pelo contrário, ignoradas. Com isso, pude finalmente descobrir que os processos da ONU não são simples e muito menos justos e inclusivos. Não há como narrar muito sobre o dia de ontem, foi uma experiência única, de sentir-se parte de um grande movimento. De sentir-se parte da mudança que eu quero ver no mundo. De, finalmente, estar na linha de frente dessa mudança. Me sentir incluído. Ouvido. Mais forte.
A Rio+20 termina hoje. Será que serei surpreendido? Ganharei um presente de aniversário surpresa? Espero, sinceramente, que sim. Vamos ver.




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Priscila Monteiro
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About the author
Diêgo LôboGiving the perspective of a young brazilian following Rio+20 talks is the goal of this environmental blogger, PR and amateur writer.