COP-18 começa mirando um futuro com poucos anseios
Há 15 anos, quando o Protocolo de Kyoto, o famoso acordo internacional para redução de emissões de gases estufa, foi redigido e assinado, as mudanças climáticas podiam não ser um problema tão aparente. Hoje elas se mostram cada vez mais reais. A despeito disso, os negociadores de mais de 200 países reunidos desde esta segunda-feira até 8 de dezembro em Doha, no Qatar, parecem não dar importância ao presente e se firmam em promessas para o futuro.
Apesar do calor desértico do lado de fora, as expectativas em torno da COP-18 (18a Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas) foram esfriadas logo na sessão de abertura. Entre os diplomatas prevalece o consenso de que o melhor resultado que pode sair da reunião é um compromisso para que seja negociado no próximo ano um novo instrumento que dê seguimento ao já pouco ambicioso Protocolo de Kyoto.
“Alguns vão dizer que o melhor que podemos ter não é suficiente. Mas se conseguirmos negociar no ano que vem um novo instrumento, para termos uma maneira mais efetiva de atingir nossas metas de combate às emissões, Doha será um marco nas conferências climáticas”, disse o embaixador André Corrêa do Lago, negociador chefe da delegação brasileira na área de clima.
Ainda há incertezas sobre o comprometimento de alguns países num possível segundo momento do acordo. Seja por problemas econômicos internos, seja por apoiarem a criação de um novo instrumento em 2020, nações signatárias como Japão, Canadá, Rússia e Nova Zelândia já anunciaram sua saída da primeira fase do compromisso. Em contrapartida, a Austrália anunciou que fará parte da nova fase, mas apenas com metas pífias de 0,5%.
Apesar de a União Européia ter assinalado que pretende aumentar seu compromisso para reduzir emissões em 20% até 2020, Corrêa do Lago admite que não há muita ambição por parte dos países desenvolvidos.
“Se os [países] desenvolvidos, que têm os recursos, as tecnologias, não estão sendo ambiciosos, como os países em desenvolvimento podem ser? Eles mal fizeram o que modestamente se comprometeram a fazer, eles não estão comprometidos em ser ambiciosos. As pessoas esperam que os não desenvolvidos liderem. E de certa maneira eles lideram quando colocam metas voluntárias para si prórpios. Aqueles que não têm compromissos obrigatórios estão fazendo mais do que os demais.”
O embaixador brasileiro lembrou também que deve haver uma cobrança em cima das nações não signatárias. “O alvo real deve ser os que estão de fora. Devemos discutir porquê eles não estão se juntando e o que pretendem fazer para não quererem se juntar.”




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Nathalia ClarkBrazilian by birth, a journalist by formation, a literature lover by passion. A social ecologist by sense of justice. An activist for the climate and the forests by necessity of life. Always a student. Thinking about a better world, pursuing the only future possible.